22 de outubro de 2010

Curta a viagem {I}

   Ela arrumou sua mala. Como de costume, tudo que tinha pela casa era colocado no carro, afinal, viajar com uma Toyota era o mesmo que levar toda sua casa. Era um carro dos anos 70, por isso adorava passar dias no mecânico. Mas o que importava? Sua casa estava lá dentro e preparada para uma grande viagem. Malas, material de pesca do pai, violão do irmão, mais malas, outras malas, enfim, não faltava nada para uma família de quatro pessoas. Como no carro só cabiam três da família, pois não era como os carros modernos de cabine dupla, seu irmão resolveu ir de ônibus um dia antes e aproveitar um pouco mais a família (parte de mãe) que aguardava em Santo Antônio de Jesus - destino da viagem.
   Era ano de Copa e no dia da viagem ia acontecer um dos jogos mais emocionantes. Sim, muito emocionante: Brasil x Japão. O jogo começava às 16:00h, mas como seu pai tinha que resolver algumas coisas na rua pela manhã, calcularam sair da cidade de Itabuna umas 12:00h chegando em Santo Antônio de Jesus às 15:30h, dando tempo de assistir o jogo com toda família reunida.
    Ela simplesmente amava essa cidade em que nascera e estava com grandes expectativas. O sonho dela era se formar e ter uma casa na cidade natal, mas era moça e fazer planos poderia ser perca de tempo pois só Deus sabia do futuro. É, só Deus sabia. Só Deus sabe do futuro.
     Tudo pronto! Como previsto, saíram de Itabuna às 12:00h.
    Viagem é uma coisa incrível, não é verdade? Eu particularmente adoro. Música e paisagens em movimento é o cenário perfeito para reflexão e paz. Paz? 
    O carro vinha a 60km/h subindo uma pequena ladeira e dobrando numa curva quando..puft, a marcha do carro não queria se movimentar e seu pai disfarçando, tentou mostrar que estava tudo bem.
    Não, não estava tudo bem. Quando menos esperavam, o carro parou e aos poucos foi descendo a curva de ré no controle do freio. Do outro lado da rua podia ouvir o coração da garota e da mãe batendo escandalosamente sincronizado. O carro parou no acostamento. Não sabia se o primeiro suspiro da mãe foi de medo ou de alívio, mas abrindo a janela do carro observando a mata fechada, olharam para baixo e se depararam com um espinhadeiro. 
     Era um suspiro de medo!   


...continuação

Um comentário:

Tainá disse...

haha, já ri muito com essa história antes. Agora quero ver esse final FAtídico narrado por vc! haha :*