26 de agosto de 2010

Boné preferido

   Ultimo horário da aula naquela tarde. Sim, no segundo ano ela brincava de estudar. Numa penumbra não se encontrou então pegou uma carona, afinal, o horário não permitia liberdade. A um quarteirão da sua casa foi deixada na companhia de Fulano. Atravessando a rua viu um suspeito voltando em sua direção. É, foi nessa travessa que se despediu do seu boné preferido - boné que escondia seu complexo. No susto chorou. No susto foi abandonada por Fulano. No susto se amedrontou. Ora, era seu boné preferido.
   Mãos tremendo, temendo, ligou para sua mãe: "fui assaltada". No desespero do amor, em dois minutos sua família já se encontrava no local. Foi abraçada e confortada mas não conformada. 
   Chegou em casa e nem deu atenção para o presente que ali estava: uma capa para sua guitarra. Foi direto para o quarto e chorou. Quando pensou estar descansada, olhou para janela.
   - Aí ela gritou: meu boné! - compartilhava sua vitória com os amigos. Era ele, o ladrão.
   Indignada ao ver seu boné na cabeça do rapaz, chamou seu pai. Sim, todo pai é herói e para provar isso correu para o ponto policial. Em cinco minutos se via pela janela tal cena: viatura chegando junto com seu pai aonde armados procuraram o suspeito.
   -Não, ele não está aqui. Deve ter fugido. - lamentou o herói ao policial.
Ao se deparar com seu pai e a triste notícia da fulga do rapaz, a garota caiu na realidade. Não, ela não se comoveu com tamanha violência e sim com tamanho drama, afinal era apenas seu boné preferido.

   Isso é o que o materialismo nos leva a fazer.   

Nenhum comentário: